escrevo o que sinto.

Friday, November 28, 2003

anima

na parte escondida
no lugar onde nao posso ver
na area do sistema em que nao e permitida a entrada
la esta vc
desenhada
magnifica
e o que vem pra ca
a tona
por impulso
sao emblemas, signos
mapas
tutoriais
e o tempo vem descendo
me massageando por golpes
dizendo frases curtas
porque nao tem a si mesmo

Thursday, November 27, 2003

tele-transporte

aproximar
tornar menos distante
voar em direcao a
suprimir obstaculos
mudar de espaco
cada pedacinho daqui, pra la
cortar o tempo
mandar o verbo 'esperar' para um SPA
morrer
e nascer geograficamente modificado
vou tomar o cafe
aquele de sempre
so que desta vez
quando o volume da xicara se esvairecer
em sabor e prazer momentaneo
vou levantar com carinho as palpebras
e estarei ao teu lado
novamente

Wednesday, November 12, 2003

eu

sem ela
sou mero pronome
singular
um projeto de conjuncao
abreviatura
estimulo contorcido
mola cansada
dente amarelo
tentativa pessimista
lago sujo
ponte precaria
carro usado
sede
qualquer necessidade
vou me enviar pelo correio
e vais me receber na tua porta
como um presente
uma sentenca
que lindo, quem sera que...
me junta do chao, me coloca em cima da mesa
desembrulha
despensa, sacola de ferramentas, martelo, 3 pregos
toc, toc
pronto
fixo na parede
eu reflito a sua imagem
e como nos filmes policiais fico te vigiando
admirando a tua beleza e ternura
vendo o que nao posso ter
porque nao sou humano

Monday, November 03, 2003

special guests

eu fecho os olhos e a noite chega
onde andará o silêncio com a sua calma e bom modos
abro a veneziana e lá vem o vento
pronto, agora podemos conversar
estamos na sala de reuniões
eu, silêncio, vento e noite
o assunto em discussão reside na questão máxima
do inexplicável, do que acontece por impulso
do que sob qualquer circunstância se duvide
enfim
sobre o que nao existe
5 minutos e ninguém diz nada
sexto minuto, silêncio levanta, faz uma cara de mistério
saca suas armas, sabedoria e conveniência e metralha
na altura do peito, todos
vocifera, ruge
retira vagarosamente os óculos, pisca algumas vezes
limpa as lentes, uma por vez, com cuidado
óculos em cima da mesa
punho fechando, fechado
numa fracão de segundo
todos se olham e
ao mesmo tempo que isso acontece
silêncio esmaga o objeto que lhe provém melhor visão
e eu saio da sala
fim da sessão