escrevo o que sinto.

Friday, July 07, 2006

vazio

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Sunday, April 02, 2006

a arte de pensar demais

parada em minha frente
uma estátua momentânea chamada destino
me fita com olhos indiferentes
isso porque
suas não poucas tentativas
foram falhas
e estou aqui
mais uma vez
tentando entender as coisas
sem esperar que elas aconteçam
naturalmente
dois lugares diferentes ao mesmo tempo
às vezes até mais
como vou saber
se estar aqui
neste exato instante
é onde eu devia estar?
de um livro a outro
caminhos vão se formando
e durante o sono
através daquelas imagens que aparecem
uma pessoa vai me dizer
surpreendentemente
viva
pois esta é a qualidade
de quem mantém os olhos abertos
enquanto respira

Saturday, March 11, 2006

velocidade

não fosse a hora avançada
talvez eu não notasse
que é a velocidade
o movimento que destrói o presente
o prazer da tua companhia
estou com a bússola pifada
marcando o tempo
ao invés da direção insólita
pela qual tua desenhas um caminho
ouço o som dos pés descalços
dedilhando pontinhos de interrogação
e abro um sorriso
pois não ter faz parte do sonho
os freios dos carros
chorando desregulados
é uma epidemia de solidão e pensamento
quero ter em meus dias
a forma mágica de contemplação
do cinema ou do barco à vela
beijar com a atenção
o que me recebe com a beleza
de simplesmente
existir

Wednesday, July 20, 2005

salvador

talvez de imediato eu não soubesse
que a ínfima falta de estímulo
produzisse a rejeição
ou a preguiça propriamente dita
referente à confecção deste relato incongruente
o fato é que me encontro envolto às formas
por temer o conteúdo
pois de onde vejo
estas linhas assim dispostas
são como as da costura da roupa
só que numa relação de seqüência inversa
quanto mais linhas aqui
menos lá
no traje
na forma simbólica visual
corpo
na definição do eu
elas vão me desnudando
tornando agradável a presença
de quem opera a contemplação
através do olho curioso
carente de novidades
numa busca infindável pela completude
prazer este que dura segundos
até a formação do novo alvo
objeto de desejo
situação ideal de insatisfação do momento presente
à espera de um futuro salvador

Thursday, May 12, 2005

gangorra

estou deitado no meio da sala
sobre o tapete redondo vermelho liso
olhando para o teto com um certo ceticismo de outrora
vendo a palavra te amo dançar com suas letras e formas
e me chama a atenção
de maneira quase invasiva
a tentativa da inicial T de estimular meus sentidos
ela parece querer me dizer alguma coisa
não descanso
até produzir pensamentos que me levassem à uma resposta
pego no sono então
no sonho
estou andando de gangorra com o meu amor
um de cada lado
do travessão superior que forma a letra T
toda vez que um de nós alcança a altura do chão
surge uma situação contemplativa
não há fuga
estamos presos à um momento
nada pode nos distrair ou atrapalhar
penso no tempo, em sua relatividade
a vida vai acontecendo
cada vez de forma mais rápida e ansiosa
quando vou parar pra sentir?
assim como estou fazendo
agora
aqui
nos altos e baixos deste brinquedo de playground
tem uma pessoa do outro lado da extremidade
fazendo um peso contrário relativo ao meu
harmonia
o equilíbrio fica muito bem escrito nas frases de efeito
mas o que eu sinto
o que eu percebo neste instante eterno
é que a vida não é curta
tudo é uma questão de escolha
e a gente não escolhe o que sente

Saturday, January 15, 2005

descrição do processo criativo

falar do que sinto
neste momento
seria pobre e falso
uma tentativa de dar forma
ou sentido
ao inesperado estado presente
mesmo assim
vou tentar
pois é demonstração de fraqueza
desistir sem tentar
me sinto como se estivesse morto
de olhos abertos
calafrios
pensamentos e reflexões pessimistas
ausente de confiança e coragem
sem alma
nem discernimento
me torno uma pessoa feia
direta
e doente
adquiro movimentos bruscos
ouço músicas tristes
e penso razoavelmente muito mais
construo possibilidades de ligações
paranóias
atingem um nível tal
que outras realidades são criadas
desconfortáveis
as notas musicais me soam como adagas
doces
que suavemente cortam meu humor
minha história e personalidade
sofro um assalto
um estado alterado de consciência
fonte de energia negativa
uma percepção demasiado aguçada
é muita verdade
teores não seguros de envolvimento com os sentidos
sublimação
mudança na respiração
sinto vontade de fechar os olhos
e sorrir
da maneira mais triste e melancólica possível
porque parece mais forte do que eu
e nestas horas
me dirijo a formas de expressão como esta
e despejo meu desespero
aos poucos
um alívio
vem e me abraça
me sinto mais leve agora
porém menos humano

Wednesday, December 22, 2004

invisível

gosto do silêncio
fico ouvindo minha respiração
levando os segundos embora
um a um
numa medida exata de tempo
é tão fácil fechar os olhos
demonstrar satisfação
plenitude
o ar é uma dádiva
ele não existe
para os nossos olhos
gosto de coisas que não existem
deste tipo
a voz
o vento
o avesso da imagem
a não-intenção
espontaneidade
ato falho
a verdade que escapa
pelas mãos traiçoeiras da razão
tudo o que é pensado é falso
e triste